quarta-feira, 12 de março de 2014

Você por aqui?



Noite de ontem. Adivinha quem apareceu, lindo, leve e com aquele sorriso de canto de boca? Bendito! Veio como se nada tivesse acontecido, de cabelo raspado e vestindo aquela camiseta cuja cor eu detestava, mas caia irresistivelmente bem nele. Eu usava pijama de bolinhas e coque-banho, o que não lembra em nada um traje ideal para receber visitas, independente de quem e o horário que fosse. Mas, sim, era ele e estava ali, como em um passe de mágica. 


Na verdade, eu já não o esperava fazia algum tempo, desde a última vez que trocamos umas mensagens sem conteúdo significativo e sem resposta. Dele, claro. Mas o fato de não esperar sua chegada fez com que a atitude dele se tornasse muito mais surpreendente, muito mais apaixonante. E, sem dúvida, absurdamente excitante. Droga! Achei que já tivesse me libertado desse vício... Pretensioso achismo! 

Não vi como entrou, se pulou a janela do quarto ou se se infiltrou sorrateiramente pela porta dos fundos. De tão bem que o fez, imagino que, nesse meio tempo, tenha praticado o mesmo tipo de invasão em outros domicílios. Um canalha! Bonitinho, mas canalha! E ponto. E vírgula. É claro que isso não importava nem um pouco naquele momento... Foco, foco, foco! Afinal, o fôlego eu já tinha perdido mesmo. 

Então, foi o que fiz. Foquei no alvo e fiquei completamente apavorada. Caramba, por que ainda não me acostumei com isso? Mãos suadas, pernas trêmulas, coração arrebatado. Mais um passo dele e eu já não respondia mais por mim. O que dirá dois! No terceiro, ao mesmo tempo que, de súbito, saltei ao encontro do pescoço dele, senti como se um buraco abrisse debaixo de mim. Um abismo sem fim. Melhor dizendo, sem final feliz. 

O tal abismo tinha nome e, para minha sorte, também tinha fim. E então, ali, de cara com o chão, eis o que me restou, enfim: Dois cotovelos roxos e uma vontade enorme de que tudo tivesse sido mais que um sonho pra mim.

Amanda Fabris

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